sexta-feira, 17 de julho de 2009

Todos mudam


Uma vez que se diz adeus, ninguém mais vai querer saber dos seus sonhos. Eles agora se tornam solitários. Ninguém mais vai conhecer aquela intima parte sua quando deixa tudo para lutar.

Quando estou dirigindo por aí eu sempre lembro disso e começo a sentir os golpes, sinto muito, sinto quase todo dia. Eu não vou sempre amar essas coisas goístas. Eu não vou sempre viver em meu destino supostamente traçado. Mas todos pararam... não entendem que era minha vez de decidir. Eu sabia que essa era a hora. Vou me dar ao todo e ninguém mais vai me ter como me tinham. Nem eu mesmo. Se vou ficar sozinho pra sempre? Talvez só espere pela hora certa. Eu estou aqui e agora estou preparado, mesmo que superficialmente estou segurando a barra. Não entregue seus desejos de me ver cair, o final ainda não chegou. A única coisa que ainda é minha é a certeza de que nada terminou.

Eu não vou sempre amar o que não tenho mas também não vou viver nos meus arrependimentos...e isso não significa que o amor desapareceu de dentro de mim. Ah se você me entendesse...e reaparecesse...

segunda-feira, 27 de abril de 2009


Madrugada de terça-feira. Em minha cápsula de aço penso, mas nada escrevo. Sendo tragado pelo opressor julgamento que minha mente declina sobre essas primeiras palavras, sobrevivo!
A voz insiste: - Desista! Amanhã com mais tempo será perfeito! O bocejo em sincronia avisa que devo sacudir a bandeira e todo o corpo se entrega. A mente me envia um último lampejo: - Como ontem, boa noite.
-Ah? Me destampo rapidamente ainda ouvindo o eco do "ontem" seguindo semanas, meses e não sei bem quanto tempo mais. Não há enfermeiras no quarto branco, tento a porta mas caio quando o fio do soro me puxa. Preciso respirar.
Acendendo mais um cigarro na janela tento contar as estrelas. Me perco. Mais abaixo a cidade, tentando se acostumar ao outono, dorme. A névoa gelada parece ter lacunas esperando para serem preenchidas por minhas palavras, ações e minha voz. A falta de ações e pensamentos nesse horário me afoga, suplicando que eu molde a perfeição. Como se o amanhã fosse nascer do meu jeito.
Ah o amanhã... ele será sim do meu jeito!! Fechando a janela meu olhar indica à névoa que já descobri sobre meu estado. Deixo o rascunho na cabeceira, pois mesmo tendo que me entregar agora, terei uma prova da verdade que já descobri. E quem sabe, não precisarei esperar outra madrugada para descobrir como despertar disso. Faltam poucos soros a serem retirados...