segunda-feira, 27 de abril de 2009


Madrugada de terça-feira. Em minha cápsula de aço penso, mas nada escrevo. Sendo tragado pelo opressor julgamento que minha mente declina sobre essas primeiras palavras, sobrevivo!
A voz insiste: - Desista! Amanhã com mais tempo será perfeito! O bocejo em sincronia avisa que devo sacudir a bandeira e todo o corpo se entrega. A mente me envia um último lampejo: - Como ontem, boa noite.
-Ah? Me destampo rapidamente ainda ouvindo o eco do "ontem" seguindo semanas, meses e não sei bem quanto tempo mais. Não há enfermeiras no quarto branco, tento a porta mas caio quando o fio do soro me puxa. Preciso respirar.
Acendendo mais um cigarro na janela tento contar as estrelas. Me perco. Mais abaixo a cidade, tentando se acostumar ao outono, dorme. A névoa gelada parece ter lacunas esperando para serem preenchidas por minhas palavras, ações e minha voz. A falta de ações e pensamentos nesse horário me afoga, suplicando que eu molde a perfeição. Como se o amanhã fosse nascer do meu jeito.
Ah o amanhã... ele será sim do meu jeito!! Fechando a janela meu olhar indica à névoa que já descobri sobre meu estado. Deixo o rascunho na cabeceira, pois mesmo tendo que me entregar agora, terei uma prova da verdade que já descobri. E quem sabe, não precisarei esperar outra madrugada para descobrir como despertar disso. Faltam poucos soros a serem retirados...